Este livro é dedicado a todos que amam o cinema e querem desvendar seus mecanismos e fascínios. Ele brota do desejo de compreender a experiência essencial que se materializa no encontro entre os filmes e seus espectadores, qualquer que seja o suporte audiovisual, quaisquer que sejam as circunstâncias que sustentem a recepção e a exibição.Várias são as teorias que circulam sobre o ato de assistir a um filme. Algumas apostam na análise dos componentes propostos pelo realizador outras, no estado q uase hipnótico em que mergulha a plateia sentada na sala de projeção. Ainda outras apontam um espectador que interage com as imagens sonoras e visuais narrativas, a sua frente. Este talvez seja o ponto de partida da autora, quando propõe o jogo como elemento condutor do processo. A diferença é que o jogo não é um elemento facilmente apreensível, dados os vários usos e sentidos que o termo toma comumente.Mas o que se depreende dos artigos, aqui expostos com elegância e clareza, é que todo um proc esso de ação e reação ocorre em uma área que se abre entre os filmes e os espectadores que a eles assistem. Esta área - situada em um espaço nem interno, nem externo - envolve fruição, criação e pertencimento mútuo. Tal como a "área transicional" de que fala D. W. Winnicott, para onde, ao jogar em suas brincadeiras, a criança conflui sua experiência com as coisas do mundo que a cerca. Nesse estado lúdico, o sujeito permanece por toda a humana existência, desde o nascimento até a morte.Assim, em decorrência da proposta que move este livro, também é possível dizer que o espectador de cinema faz como a criança que brinca, jogando sem cessar diante do jogo que os filmes propõem.