• A CRIANÇA NO IMAGINÁRIO SOCIAL

Embora o contato direto com a produção científica e tecnológica não seja experimentado por todos, cada um possui suas próprias imagens da ciência e da tecnologia. Buscar estes símbolos não é tarefa fácil. Em geral, questionários são empregados para e xtrair dados quantitativos, prioritariamente, de um público alvo determinado, mas muitas vezes a própria formulação das perguntas já induz as respostas. Para coletar impressões enraizadas na mente da sociedade, uma equipe do Laboratório Interdiscipli nar da Escola Internacional Superior de Estudos Avançados, na Itália, trabalhou com crianças de 8 anos, já alfabetizadas e capazes de organizar um nível razoável de discurso, mas que ainda não expostas ao estudo de ciências. "Parte do imaginário [de ciência] se constrói nos primeiros anos da infância", afirma Yurij Castelfranchi, um dos coordenadores do estudo e atualmente pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Assim, a equipe italiana, coordenada tam bém por Daniele Gouthier, buscou na atividade lúdica uma forma de deixar as crianças suficientemente confortáveis para permitir o acesso a seu imaginário. "Não queríamos estudar a imagem tida pelas crianças, mas, por meio delas, analisar a imagem que a sociedade tem", explica Castelfranchi, sobre a hipótese que conduziu o estudo. Oito crianças por turma foram selecionadas ao acaso para construir uma história em que tivesse, obrigatoriamente, três personagens - uma criança de 8 anos, um cientista e um ser indefinido, classificado de um "não-sei-o-quê" - que, em um certo momento, enfrentariam um problema a ser solucionado em conjunto. Os personagens escolhidos, cada qual com seu propósito, aproximavam a criança da história, permitiam analisar o papel do cientista e davam asas à imaginação, por meio do ser imaginário. Diante de uma enorme folha de papel e munidos de lápis, canetas e giz de cera colorido, os personagens foram surgindo dentro de uma mesma história dinâmica e fantá stica. De forma geral, os cientistas eram estereotipados como homens brancos, por vezes vestidos com avental, óculos, microscópios e de cabelos arrepiados. Surgiram também mulheres, geralmente desenhadas por meninas que pediam permissão para a escolh a do gênero, evidenciando a consciência com a discriminação. Os "não-sei-o-quê" eram majoritariamente representados por monstros, inspirados em imagens midiáticas como Pokemón e Harry Potter. "O elemento mítico da ciência está bastante presente nos

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A CRIANÇA NO IMAGINÁRIO SOCIAL

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