Neste livro de Luiz Soares Júnior sobre o cinema do cineasta japonês Kiyoshi Kurosawa "há um desejo de comunicação, um afã pedagógico, uma negociação permanente com o leitor. Em meio às frases intrincadas, com uma concentração de sentido inusual ao l eitor habitual de crítica de cinema, há também as constantes remissões ao trabalho dos espectadores ("reparem", "vejam"), como se seus olhos nos convidassem a rever os filmes para perceber melhor os detalhes de um movimento de câmera, os cantos esmae cidos de uma parede, a particularidade de um travelling lateral que para todos os demais pareceria trivial, mas que, em Luiz, adquire uma importância decisiva. ... confesso que tenho, diante deste livro, a impressão que tive diante do Godard dos anos 1990 ou do Glauber tardio visto na juventude: a sensação de que chego a ele ainda cedo demais, ainda sem os meios para construir uma relação plena com sua matéria densa. Uma relação que nunca será de entendimento - essa superestimada categoria do pe nsamento ocidental -, mas que, talvez, um dia, numa releitura, seja uma experiência ainda mais forte. Se há alguma certeza, no entanto, é a de que na escrita de Luiz Soares Júnior, lida hoje ou amanhã, sempre haverá uma parte substancial de interdito ou de mistério. Tanto melhor" Victor Guimarães Crítico e professor de cinema