Os acidentes de trabalho são o resultado do modo como a sociedade produz as condições de sua própria existência e tornam-se objetos sociais através de construções teórico-práticas que tentam dar conta de sua causalidade e prevenção. Nesse segundo p rocesso, não é incomum encontrar concepções baseadas em fatores pessoais ou psicológicos, que retratam os trabalhadores como responsáveis por seus acidentes.Considerando as consequências para as políticas de saúde, as ações preventivas e de reivindi cação, a presença dessas concepções nos discursos em circulação e nas práticas discursivas de trabalhadores foi investigada por meio da análise de documentos públicos e de um estudo de caso em uma empresa metalúrgica, com base em observações, conver sas informais, levantamentos de documentos e entrevistas confrontativas semiestruturadas, na tentativa de identificar repertórios interpretativos e suas características retóricas e argumentativas.A presença generalizada de uma versão da Teoria dos D ominós de Heinrich foi verificada nos padrões compartilhados de entendimento e na predominância de explicações baseadas na noção de atos inseguros, manifestações sustentadas pela naturalização dos riscos e por práticas institucionalizadas de difusão. No entanto, a construção discursiva dos acidentes acontece de maneira dilemática, existindo contradições entre os diferentes repertórios interpretativos e a presença de eventos desnaturalizadores que produzem rupturas semânticas e manifestações de resistência, o que aponta para a possibilidade de construção de discursos contra-hegemônicos.
Código: | 9788536291482 |
EAN: | 9788536291482 |
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ACIDENTES DE TRABALHO E PRÁTICAS DISCURSIVAS - CULPABILIZAÇÃO E RESISTÊNCIA NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
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