A certa altura de A cidade das colunas, ao mencionar o efeito provocado pela retirada de um tapume no centro velho de Havana, Alejo Carpentier nota de passagem: o que se descortinava aos olhos era uma "ágora entre mangues, praça entre matagais". Ness e registro, em que um elemento primordial da pólis grega surge imerso em outra geografia, o escritor sintetiza o profundo deslocamento que a ocupação do Novo Mundo implicou, a seu ver, para a cultura do Ocidente - tema que ele mesmo não deixaria de t ratar em algumas das peças de ficção mais estupendas do século XX, como O reino deste mundo (1949), Os passos perdidos (1953), O século das luzes (1962), O concerto barroco (1974) e outras mais.
À primeira vista, A cidade das colunas pretende tão só apresentar ao leitor certas constantes da arquitetura de Havana que conferiram à cidade sua feição inconfundível. O que se descobre nestas páginas, porém, é muito mais: em cinco breves capítulos, elas exemplificam com exatidão o método do escritor, no qual um anônimo mestre de obras cubano é contraposto a Le Corbusier, o tronco de uma palmeira convive com colunas dóricas, uma figura de retábulo hispânico é vizinha de um herói de Racine. Por meio desses cortes e aproximações, Carpentier promove uma subversão de valores e uma defesa luminosa da mistura e da mestiçagem que ele enxerga no cerne da experiência antilhana e, por extensão, latino-americana.
Publicado originalmente em 1964 com doze fotografias de Paolo Gasparini, o texto de Carpen tier vem à luz em sua edição brasileira acompanhado por 42 imagens em preto e branco do fotógrafo italiano - contraponto gráfico certeiro para este ensaio que tem o andamento de um poema.
Alberto Martins
Código: | 9786555251999 |
EAN: | 9786555251999 |
Peso (kg): | 0,000 |
Altura (cm): | 1,30 |
Largura (cm): | 15,00 |
Espessura (cm): | 22,50 |
A cidade das colunas
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