Segundo o teórico José Martins, "os grandes embates pela redenção do gênero humano de suas limitações e misérias estão sendo readaptados a esse novo território da vida e do viver". "A história bloqueada pelo capital e pelo poder fez da vida cotidiana o refúgio para o desencanto de um futuro improvável". Segundo Heller os pontos essenciais, naturais, da vida cotidiana: nascimento, maturidade, casamento, morte não faltaram em nenhuma religião ao longo da história. Ao contrário, foram sendo introdu zidos neles, cada vez com mais intensidade, um conteúdo social, ideológico e ético. Pela complexidade das exigências próprias da vida cotidiana, é que esta "apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma em mundo coerente". É para fornecer o sentido necessário a tais experiências que a religião, ainda que mediante conteúdos e intensidades diferentes em suas diversas formas, constitui um dos organizadores e reguladores e, com frequência, um dos mais importantes, da vida cotidiana.