Este trabalho tem como objetivo discutir a clínica lacaniana da anorexia. Para tanto, foi utilizada como parâmetro de pesquisa a metodologia qualitativa, que contou com uma pesquisa bibliográfica e com uma pesquisa de campo. Foram consultados os prin cipais autores que discutem a anorexia e que têm como referência a teoria lacaniana. Foram entrevistados nove profissionais que atuam nessa clínica. Ao longo do trabalho, buscou-se estabelecer uma interconexão campo/literatura. O trabalho foi dividid o em quatro capítulos. O primeiro discute a chegada da anoréxica na clínica. Essas meninas, em geral, não procuram os psicanalistas por vontade própria. Quase sempre, elas chegam a um hospital carregadas pelos pais, mais especificamente, pela mãe. Nã o há uma demanda clara. A demanda supõe um sujeito que busca um saber sobre si, o que não ocorre na anorexia, uma vez que a recusa não é colocada como um problema. O que essas meninas não demandam? Do que elas não querem saber? O que, na verdade, ela s estão recusando? Comer nada, na anorexia, significa anestesiar a mãe que sufoca com a papinha, a distorção estrutural da imagem corporal, do sexo e da feminilidade com todas as suas implicações. O segundo e terceiro capítulos discutem como se dá ro mpimento deste circuito de demanda, quase nula, nesses sujeitos. O circuito mortífero anoréxico só encontra um limite quando a vida é colocada em risco. Neste momento, também, ainda não é possível falar de uma demanda no sentido psicanalítico. Há, si m, um pedido de socorro. O psicanalista não pode ficar avesso a esse pedido. Faz-se necessário, via transferência, provocar uma torção nesse pedido de ajuda, implicando a anoréxica em seu sintoma. Essa retificação subjetiva só é possível porque está embasada nos seguintes pressupostos clínicos: a construção do caso clínico, a interpretação da recusa, o desejo do psicanalista e o ato analítico. Posto isto, foram discutidas duas experiências de tratamento psicanalítico com casos graves na Itália. O quarto capítulo, por sua vez, discute a clínica lacaniana contemporânea da anorexia. Propõe-se um outro olhar sobre a clínica da anorexia. O olhar não é mais sobre a interpretação do sintoma - a anorexia é vista como um enlace possível de ser feito frente ao real do corpo. Trata-se de casos em que o sintoma não cede à interpretação. Há uma permanência do sintoma. O papel do analista é o de suportá-lo a fim de evitar que ele transborde e coloque a vida desses sujeitos em risco. No apêndice fina
Código: | 9788544405154 |
EAN: | 9788544405154 |
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A CLÍNICA LACANIANA DA ANOREXIA
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