O livro que chega a um público para além dos universitários e acadêmicos é resultado de uma pesquisa de mestrado que acompanhou, a partir da criação do Movimento Negro Unificado, 1978, a violência socialmente exercida pelas instituições brasileiras c ontra a juventude. O trabalho, ao distinguir adolescência - o indivíduo como ser psíquico - de juventude - a leitura da experiência coletiva de um segmento e/ou grupo -, tem o mérito de descongelar a própria concepção vigente de juventude ao expandi- la para juventudes.

A juventude negra aparece, portanto, como sujeito na sua articulação com os processos sociais mais gerais e como resultado das relações sociais produzidas ao longo da história mediada pela experiência, individual e coletiva, de um grupo racializado em uma sociedade racialmente estruturada em dominância.

Assim, ao considerar o próprio descompasso da discussão brasileira que enfatizava a existência de juventude no singular, quando muito recortada pela origem social na cha ve da classe, o texto, por um lado, desafia a homogeneidade e, por outro lado, demonstra que aquele descompasso estimulou os próprios jovens negros/negras a encontrarem caminhos para canalizarem suas reivindicações e demandas em uma sociedade que se nega a reconhecer tanto a sua existência enquanto grupo quanto suas demandas especificas, em especial aquela denunciada internacionalmente, primeiro, por Abdias Nascimento (1978 2002), em seu livro, O Brasil na Mira do Pan-Africanismo "contra o geno cídio da população negra".

Valter Silvério

Código: 9786559660490
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"Contrariando a estatística": genocídio, juventude negra e participação política

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