Somos talvez a ferida, a doença da natureza. Nesse caso, seria para nós necessário - e, além do mais, possível, fácil - fazer da ferida uma festa, uma força da doença. A poesia em que se perdesse mais sangue seria a mais forte. A aurora mais triste? anunciadora da alegria do dia. A poesia seria o signo que anuncia dilaceramentos interiores maiores. A musculatura humana só estaria inteiramente em jogo, só atingiria seu mais alto grau de força e o movimento perfeito da decisão - o que, seja como f or, o ser exige - no transe extático. Não se pode liberar de seus antecedentes religiosos a possibilidade - que, apesar das aparências, permanece aberta ao descrente - da experiência mística? liberá-la da ascese do dogma e da atmosfera das religiões? liberá-la, numa palavra, do misticismo - a ponto de ligá-la à nudez da ignorância? Para além de todo saber está o não-saber, e quem se absorvesse no pensamento de que, para além de seu saber, não sabe nada, ainda que tivesse a inexorável lucidez de Hegel, não seria mais Hegel, e sim um dente doído na boca de Hegel. Só uma boa dor de dente é o que estaria faltando ao grande filósofo?
Código: | 9788582178492 |
EAN: | 9788582178492 |
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A experiência interior: Seguida de Método de meditação e Postscriptum 1953
- Disponibilidade: Esgotado
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