O seminário, para todos nós, foi um mundo de sacrifício e encantamento. Éramos jovens, quase crianças, descobrindo o mundo, iniciando a vida. Com coragem. Com muita coragem. Cada um dos relatos deste livro permite identificar jovens corajosos que dei xaram sua zona de conforto, suas casas, suas famílias, suas brincadeiras infantis, e partiram para se tornarem cidadãos do mundo. Todos tiveram sucesso, todos se tornaram bons profissionais, construíram belas famílias, foram respeitados pelos seus pa res e pelos seus amigos. Em primeiro lugar devido á sua garra, já identificada na decisão de entrar para o seminário. Depois, pelo enfrentamento da vida muito além do seminário. Foram forjados nas dificuldades de reiniciar tudo da estaca zero, sem aj uda e proteção, no momento da volta ao mundo dos homens. Um deles, já padre, enfrentou o mundo da repressão. Todos buscaram profissões compatíveis com a formação humanística que receberam no seminário. Sua conquista lhes custou muito mais do que aos jovens da época saídos diretamente de suas famílias. Discriminações e dificuldades financeiras são facilmente encontradas em seus relatos. Mas as suas qualidades e seu caráter construído na passagem pela "escola de homens de ferro" chamada seminário garantiram-lhes o sucesso e o respeito em suas profissões. Aliás, tenho procurado sem sucesso ex-seminaristas fracassados. Lançados na vida repletos de ferramentas intelectuais e com muito poucos recursos materiais terminam por superar todas as limi tações, tornam-se grandes no que escolhem fazer como meio de vida. Assim temos escritores, temos reitores de universidades, professores, advogados, políticos, médicos, engenheiros, empresários, comerciantes etc. Alguns abastados outros nem tanto, mas , a maioria absoluta, vive dignamente com famílias organizadas, filhos e netos educados e produtivos. O fenômeno social dos ex-seminaristas merece um estudo mais aprofundado.
Neste livro carregado de dificuldades e emoções descritas de forma simples como se elas tivessem sido fáceis de enfrentar, os autores se despojam, abrem o véu de suas vidas, contam seus momentos mais dolorosos sem deixar de comentar suas vitórias e alegrias.