Uma poesia que beira o silêncio. Que perfura a si mesma, em busca, muito além de si, de um corpo. O projeto de abandonar a linguagem leva o poeta, ainda, a persistir na linguagem. Não há saída. Agora, porém, a linguagem não é mais adorno, é coisa. A lembrança de Ionesco: "Nem tudo é indizível em palavras, apenas a verdade viva". Estamos retidos na língua. A poesia é esse salto que, ainda preso às palavras, luta para ultrapassá-las. Com esse espírito de luta, disposto a desafiar o impossível, escreve Celso Gutfreind. "O sujeito que diz oscila/ entre fraude e a verdade", ele nos adverte. Tudo o que temos é essa alternância, essa perplexidade, essa vibração. Mais além, nada há. A poesia de Celso vibra e nos fa z vibrar. Nenhum conforto, nenhum relaxamento, nenhuma promessa. Calamos, paramos, respiramos, mas alguma coisa insiste em falar. Resta ao leitor acompanhar seus balbucios. "Estar junto é a única/ resposta que há no mundo", ele anuncia. Também o poet a, que escreve na solidão, gosta quando o outro vibra a seu lado. De um lado, a busca de uma "arte maior do que vida". Uma arte para além da vida. A lembrança de João Cabral: "Não falar/ é forma de falar da coisa". O silêncio também fala. Uma arte que se lança na vida é, da mesma forma, arte ainda.
Código: | 9786587457062 |
EAN: | 9786587457062 |
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A ARTE QUE SE BASTE
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