• A COR DO INVISÍVEL

Em A cor do invisível, de 1989, Quintana já octogenário exercitava mais uma vez a força poética de seu olhar de menino, potência reveladora do lírico que aborda o mundo como quem o vê pela primeira vez. Ao reunir poemas novos e antigos, até então iné ditos, que incluem textos mais acabados a simples frases e fragmentos dotados de grande poder de sugestão, o título tem tudo o que se espera de um livro de Quintana: a capacidade de tatuar a emoção e fabricar a memória afetiva de seus leitores. Mar io Quintana foi dos mais longevos poetas brasileiros do século XX. Aos 80, continuou presenteando os aficionados por sua poesia com livros que nada ficavam a dever em relação ao nível de qualidade poética que dele se esperava: poeta sempre menino, se mpre jovem. Talvez o mais marcante traço de A cor do invisível seja a abertura não só dos temas poéticos, mas da própria voz poética. Como assinala Viviana Bosi no prefácio, já no primeiro poema fica claro que a abertura do livro é também abertura de vida: "Quando abro cada manhã a janela do meu quarto/ É como se abrisse o mesmo livro/ Numa página nova..." É Quintana declarando: "não te fies do epílogo da vida, ele também é mais um começo". Assim, o poeta revira seus baús e revela ao público al guns raros poemas até então inéditos em livro, escritos ainda nos anos 30, antes, portanto, de sua primeira obra publicada, em 1940. Nos autênticos poetas líricos, o olhar é sempre de um menino (ou menina, como a Cecília idolatrada por Quintana) car regado de arcaísmo. O poeta lírico-elegíaco começa como menino imemorial, acaba como velho-menino. Vence a juventude eterna do verso singelo.

Código: 9788579621604
EAN: 9788579621604
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A COR DO INVISÍVEL

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