"Imagens de guerra invadem nossa vida todos os dias. Milhares de pessoas têm sua vida cotidiana interrompida bruscamente por uma bomba, um ataque aéreo, um tiro certeiro. Escombros, destroços, nuvens de poeira negra, campos de refugiados nos são most rados diariamente, seja nos jornais, na TV ou na rede. Quase não nos comovem, pois sua constância as tornou banais. É uma realidade distante, basta mudar o canal ou desligar o computador e assunto encerrado. Impotentes diante de tanta desgraça, vivem os nossa vida como se aquilo tudo não fosse real. No entanto, aquilo tudo é real para milhares de seres humanos iguaizinhos a nós, que tiveram seu destino traçado pelo fato de terem nascido naquele lugar e naquela circunstância histórica. Foi assim d esde sempre, e o livro que aqui apresento trata de uma dessas circunstâncias: a II Guerra Mundial. No quadro geral dessa guerra, o professor Gabriel Davi Pierin põe o foco sobre a experiência de uma pessoa comum, dando-nos a oportunidade de refletir sobre os mecanismos que transformam decisões políticas em dramas individuais. Essa dupla dimensão de simples indivíduo e personagem da história é que perpassa o relato de Gabriel, resgatando aqui a história de um menino que, como milhares de outros, pagou altíssimo preço por sua condição de judeu numa época em que esse era o maior pecado. Ele perdeu a família, passou por toda espécie de privação e foi prisioneiro de guerra. Dessa experiência, tirou uma lição: o alto valor da liberdade. Não esque ceu por um único dia de suas perdas, mas tratou de viver cada minuto com intensidade, entusiasmo e otimismo. Não perdeu a confiança na humanidade. Parece mentira, mas não é." (Ilka Stern Cohen)