• RENOVAÇAO DA ANTIGUIDADE PAGA, A

"Assim como Max Weber para as ciências sociais, Sigmund Freud para a psicanálise e Albert Einstein para a física, Aby Warburg permaneceu um desafio constante para a história da arte e da imagem. Se o século XX foi o século da imagem, então Warburg éu m de seus pesquisadores extraordinários." Horst Bredekamp e Michael Diers Para se entender a reviravolta provocada por Aby Warburg (1866-1929) na história da arte, podemos partir de Johann Winckelmann, a figura dominante dessa disciplin a durante muito tempo. Em 1755, Winckelmann propôs um enunciado que definiu a maneira como passamos a compreender a arte clássica grega: "O caráter geral que distingue as obras-primas gregas são a nobre simplicidade e a grandeza serena, tanto na post ura quanto na expressão. Assim como as profundezas do mar se mantêm calmas em todos os momentos, por mais enfurecida que esteja a superfície, também a expressão, nas figuras dos gregos, mesmo no seio das paixões, exibe uma alma sempre grandiosa e sem pre impassível." Os trabalhos de Warburg alteraram profundamente essa percepção, ao destacarem a representação do movimento. Segundo ele, o que predominou na Antiguidade não foi o corpo imóvel e bem equilibrado, e sim o corpo tomado por um jogo de forças que o ultrapassava, que o fazia aparecer com os membros retorcidos na luta ou dominados pela dor, com os cabelos soltos e a roupa esvoaçando sob o efeito da corrida ou do vento. Ao insistir mais nos fenômenos de transição do que no tra tamento dos corpos em repouso, mais naquilo que divide a figura do que naquilo que a unifica, mais no devir do que na forma imóvel, Warburg inverteu os princípios da estética clássica e a hierarquia das artes que dela procede: no lugar do modelo forn ecido pela escultura, pôs o da dança, enfatizando a dimensão cênica e temporal das obras. As ideias de arte e de história passaram por uma reviravolta decisiva. Os artistas do Renascimento não haviam preservado nas formas antigas uma associação entre a substância e a imobilidade, privilegiando o ser em relação ao devir. Ao contrário, haviam reconhecido uma tensão. Suas obras levam a marca de uma força que não é de harmonia, mas de contradição, uma força que mais desestabiliza do que unifica as figuras. À luz da análise de Warburg, a divindade serena que servia de modelo ao belo ideal transforma-se em mênade de gestos convulsivos e de violentos arrebatamentos: "Essas mênades dançantes, conscientemente imitadas, surgi

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