Os bebês e as crianças pequenas, mesmo antes de terem saído da condição de infans - que ainda não falam e são falados pelo outro -, podem "se dizer e se contar" àqueles com quem convivem em seu entorno social sem o recurso a palavras: pelos olhares, gestos, balbucios e gritos... Nesse sentido, por se compreender que, tanto o desenvolvimento físico/orgânico quanto a constituição do psiquismo do bebê se dão na relação com um outro - geralmente a mãe/pai/cuidador, que o acolhe, serve de escudo prot etor e pensa por ele, precisamos dar contorno não somente ao bebê como também a suas mamães e, ainda, às grávidas quando para estas se torna difícil se deparar com esse intenso trabalho psíquico que exige essa passagem da filha/mulher ao lugar de mãe . Quaisquer dificuldades nesses tempos gera intenso sofrimento aos pais e também ao bebê, que corre risco nas duas direções acima. O tratamento conjunto pais/bebê-criança, relatado nos capítulos deste livro, foi organizado para cuidar de não separar as direções desse "caminhar" do bebê em situações clínicas isoladas, mas de forma a promover vivências clínicas interdisciplinares, mais ricas porque mais amplas e menos invasivas para os bebês e para seus pais. O livro trata de pensar a clínica dos primórdios pelos olhares dos diversos profissionais que se ocupam do atendimento à primeira infância, às gestantes, aos pais dos bebês/crianças...