Transnacionalismo negro, diáspora africana analisa como intelectuais e ativistas negros discutiram sua organização e objetivos políticos deslocando o debate sobre relações sociais durante o século XX. Apresentado originalmente à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) como tese de titularidade em Sociologia, este livro filia-se a uma linhagem crítica dentro da disciplina. Inspirado pela proposta de Wright Mills da necessária e contínua reavaliação do papel político da produção do conheciment o sociológico, a obra reconstitui debates intelectuais sobre o local e o significado da África e da cultura africana também no presente das sociedades euro-americanas. Diante da histórica incorporação subordinada dos afrodescendentes negros dentro d os Estados nacionais, somos apresentados à chave analítica centrada no transnacionalismo e na compreensão dos sujeitos políticos como parte de uma diáspora africana, o que os arquivos mostram ter emergido a partir da década de 1960. Os debates moldad os pelo Pan-Africanismo, seus eventos e congressos são reconstituídos de maneira a nos fazer refletir sobre os obstáculos externos, mas também internos aos movimentos, na construção da agência política coletiva e de horizontes aspiracionais. A recon strução histórica dos encontros e congressos em que ocorreram discussões sobre como lidar com as desigualdades para além do enquadramento econômico que definia a perspectiva sociológica centrada na oposição capital e trabalho permitem que compreendam os melhor os desafios enfrentados pelos intelectuais, movimentos sociais e instituições que passavam a reconhecer as especificidades que o colonialismo impunha, assim como a necessidade de articulá-lo às experiências dos descendentes de africanos que viviam nas Américas e na Europa.