Em 399 a.c., em Atenas, Sócrates foi condenado à morte por envenenamento por cicuta em 415, em Alexandria, Hipácia foi linchada e teve o corpo despedaçado em 1535, em Londres, Thomas More foi decapitado em 1600, em Roma, Giordano Bruno foi queimad o vivo em 1977, em Praga, Jan Patocka morreu depois de um interrogatório de onze horas. Em épocas tão distantes umas das outras, mas vivendo momentos estrutrurais não tão dissemelhantes, como demonstra o autor, esses filósofos se depararam com a mai s perturbadora das escolhas: ser fiel às suas ideias e morrer, enfrentando por vezes uma morte brutal, ou renunciar a elas e permanecer vivo. E para essas mortes serem lembradas até os dias de hoje, tendo-se se tornado tão significativas, foram neces sários palcos e plateias. Morrer por ideias é uma performance que exige público.
Com impressionante erudição, autor nos conduz por uma cativante aventura intelectual, com raízes sólidas na história da filosofia - dialogando com Sócrates, Montaigne, Heidegger, Pierre Hadot, Simone Weil, Paul-Louis Landsberg etc. - e se valendo de muitas referências artísticas. Discute também acontecimentos mais recentes, como a autoimolação do monge budista Thích Qu?ng Ð?c, o advento dos homens bomba, e nos pres enteia ainda com uma digressão admirável sobre forma literária ensaio. O própósito final da filosofia, diz, é o da autorrealização. Filosofia é algo que se carrega consigo, que não se armazena em livros. E ao examinar o ato do filósofo de morrer por ideias, fica evidente o risco de viver por elas, nessa jornada de incerteza e impermanência tão própria dos seres humanos.
Código: | 9786588410028 |
EAN: | 9786588410028 |
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Morrer por ideias: os filósofos e suas vidas perigosas
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