Este livro pretende descortinar a tecnologia, apresentando-a como um modo de saber fazer logístico onde prende, enfeitiça, ofusca e deslumbra o Homem de tal modo que o leva a acreditar e pregar o pensamento que calcula como o único pensamento a ser a dmitido e exercido. Nesta era industrial moderna ocorrem duas revoluções: a primeira deriva da transição do artesanato e da manufatura - quando predominava a produção pelas mãos - para as máquinas a motor a segunda ocorre com a introdução da automa ção, na qual os processos são controlados por códigos de programação, como a cibernética. E a ambas as revoluções acrescentamos mais uma, que ocorre em decorrência da cibernética: a tecnologia da informação. No entanto, todos esses eventos - as revo luções impostas pela tecnologia, o uso ou apropriação que dela fazemos, bem como sua oscilação entre nos conceder benefícios e malefícios - não são justificativas para alçarmos a tecnologia a um patamar acima do bem ou do mal. A tecnologia não é neut ra. Ela é uma força autônoma que carrega em seu cerne uma lógica decadente: direciona todo o potencial criador do homem para a própria conservação, tornando-o fraco e decadente, colocando sua existência em risco.