• Resistência: memória da ocupação nazista na França e na Itália

Como todas as grandes pesquisas em História, o livro de Denise Rollemberg apresenta soluções, mas também problemas, dúvidas e indagações para aqueles que se debruçam nas temáticas relativas aos chamados regimes totalitários.

Soluções, pois deixa c laro, que nenhum trabalho historiográfico que se preze pode, hoje, entender os fenômenos do nazismo, do fascismo ou da colaboração do marechal Pétain como um resultado de soma zero: de um lado os bons, de outro os maus. De um lado, os conscientes, de outro os inconscientes.

A escolha por enfrentar ou não o inimigo é tão complexa de entender como o é também o que fica deste legado. Denise Rollemberg descortina, por um lado, o problema que se coloca com o conceito de Resistência, sua utilização à época e sua apropriação nas décadas seguintes e mesmo nos dias atuais. Por outro, desconstrói o pretenso protagonismo dos Partidos Comunistas no enfrentamento aos fascismos em França e em Itália. Procura também entender as razões da aceitação daqu eles que não enfrentaram os fascismos. Sempre, é bom que se diga, na linha indicada por Isaiah Berlin: "Compreender não significa aceitar".

Fosse apenas este o objetivo do livro e já cumpriria excelente papel. Mas vai além. Ao estudar, ao lado dos assim chamados movimentos de resistência os seus legados, a apropriação por parte do Estado e das sociedades francesa e italiana da memória da luta contra o fascismo, o trabalho resulta numa corajosa crítica à mitificação da resistência e à sacraliz ação de seus personagens. Destrincha com pesquisa original e bibliografia atualizada as contradições e os impasses da memória.

Os museus e monumentos de resistência fazem escolhas. É, por certo, difícil enfrentá-los. Afinal, como não evocar a mem ória dos que se colocaram contra os fascismos? É tão mais fácil! Por que arriscar confundir-se com os revisionismos de extrema-direita que hoje recusam o holocausto, por exemplo? Por que insistir em uma compreensão histórica dos autoritarismos, recus ando o conveniente argumento de que o fascismo foi um "mal" extemporâneo de uma Europa fadada à democracia e ao liberalismo? A escritora portuguesa Lídia Jorge disse certa vez: "Deveríamos rir-nos da fragilidade da memória, ou pelo menos sorrirmos da s artimanhas do seu esquecimento". Denise Rollemberg, em um texto, ao mesmo tempo excelente e rigoroso, nos dá pistas para compreendermos as razões da memória e do esquecimento. Apresenta-nos soluções e dúvidas. Um livro ímpar. De leitura obrigatória

Código: 9788579393754
EAN: 9788579393754
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Resistência: memória da ocupação nazista na França e na Itália

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  • R$95,00