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A literatura de Tiago Donoso vem a público em um dos períodos mais conturbados da história do Brasil contemporâneo: de um lado, a democracia golpeada de outro, a ascensão do fascismo. Entretanto, em tempos de obscuridade, a arte parece ser su a maior beneficiária. É que a criação, como forma de vida, necessita do escuro para encontrar o caminho da luz. Neste livro, que o autor classifica como "quase romance", o leitor se verá diante de "eventos" que são, tenho a impressão, imagens entre o claro-escuro de um acender e apagar de luzes pontos luminosos de um estado de semidelírio. Mas, quem é que poderia vagar, sem rumo, vendo imagens pela brecha do tempo? E que nos abandona logo em seguida, deixando-nos novamente na escuridão total? N ão é, não pode ser um homem. Arrisco um palpite: seu narrador é o Brasil. Não o Brasil ideal, o da abolição didática e do positivismo de bandeira. É um Brasil golpeado com uma paulada na cabeça e que perambula, sob um véu de sangue nos olhos, pela va stidão das casas, lugares e personagens. Este é um livro estranho, por ser a consciência de uma nação em dor.
Fernando Lionel Quiroga
Professor da Universidade Estadual de Goiás/UEG, Fundamentos da Educação.
Vinculado ao Instituto Aca dêmico de Educação e Licenciaturas,
Doutor e Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP.
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Vladimir dança para as máquinas é, entre outras coisas, literatura saída de um tubo de ensaio. À exceção do sumário of icial que é o índice dos capítulos, há nesse quase-romance apenas cenas, e consequentemente uma tensão constante que não admite momentos narrativos de relaxamento - há, no máximo, o espaço em branco na página entre uma cena e outra. Mas, se tudo é cl ímax, e como não se trata de leitura de uma só sentada, a atenção continuada não aguenta, e são os leitores que se encontram diante de uma bifurcação: pode-se ou fechar o livro por um tempo, ou tratar (mesmo sem perceber) partes do texto como enchime ntos. Levando em conta que há traços vestigiais de um enredo - a missa campal, por exemplo, é anunciada e aos poucos acontece -, com personagens recorrentes mais ou menos distribuídos em núcleos que interagem, a atenção que se esforça para ligar os p ontos em uma trama que começa e termina (não é bem o caso) acaba por se distrair, salvo engano, com os vaticínios e descrições mais febris - que são, apesar dessa posição estruturalmente inglória, o que há de mais valioso no livro. Pois beleza monstr
Código: | 9786553611733 |
EAN: | 9786553611733 |
Peso (kg): | 0,000 |
Altura (cm): | 23,00 |
Largura (cm): | 16,00 |
Espessura (cm): | 2,00 |
VLADIMIR DANÇA PARA AS MÁQUINAS - QUASE-ROMANCE
- Disponibilidade: Esgotado
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R$79,70