Com este estudo espero ajudar o leitor a se aproximar da realidade brasileira das comunidades afro-brasileiras tradicionais. O reconhecimento pelo Estado de uma comunidade quilombola na periferia do município de Itatiba-SP, na região metropolitana d e Campinas no Estado de São Paulo (Brasil) nos ensina que sua localização não é apenas rural, mas também urbana. A formação de favelas e a constituição da periferia são as maiores expressões da desigualdade social que antes era racial no país. Na p eriferia, a população negra organiza sua resistência em busca de condições de sobrevivência. E para resistir ao sofrimento, encontra na religião a força para se manter firme e a coragem para lutar. Na comunidade tradicional afro-brasileira, em anál ise, reconhecemos que a religião está presente por meio da Umbanda, que mantém os valores aprendidos com a tradição oral e o pentecostalismo que representam a cultura urbana e oferece um sentido do que é ser periférico. A etnografia realizada me ofe receu condições para ter uma percepção apreendida da observação participante, e considerando essa comunidade, posso dizer que se antes a religião era um elemento de coesão (re-ligare) como podemos compreender em uma leitura durkhemiana, agora ela é u m elemento de conflito, e por isso mesmo, devemos procurar outro elemento que possa garantir a coesão da comunidade. Acredito que esse elemento seja a própria comunidade, ou seja, cada membro participa dos compromissos inerentes à garantia da efetiv idade do território. E hoje, diante de uma comunidade afro-brasileira tradicional localizada na periferia metropolitana brasileira, onde a maioria de seus membros se declara pentecostal, é preciso reconhecer que os negros buscam repensar sua resistê ncia, comprometer-se a permanecer na religião tradicional ou no potencial que encontram com a nova religião.