Porquê o mal? Haverá poucas perguntas mais universais. E nenhuma tão inquietante e angustiosa. São muitos os que vêem no mal o fruto de arbítrios primordiais, ou a penalização de uma culpa irremediável, ou um castigo sempre ameaçador sobre quem fraqu ejou ou prevaricou. Não é porém de excluir que possa haver outras perspectivas, menos atendidas, que são igualmente de sondar. Por exemplo, não deverá o mal ser olhado também como um desafio? Porquê pensar que o mal tomba de fora sobre o homem? É sem dúvida um peso que temos de carregar mas pode também ser um lastro, talvez necessário para a estabilidade da nossa navegação no mar do ser: o mal é um estímulo essencial da existência. A humanidade, e a história, seria inteiramente outra - estagnad a! - sem o desafio do mal. Para as questões do mal e do sofrimento não existem explicações, nem tão-pouco soluções. Porém, enquanto inquietação do homem, estas questões devem ser objecto de aprofundamento de modo a ajudá-lo a levar mais longe as suas interrogações.