• RELIGIÃO E POLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN

Se a resistência estivesse inscrita na lei, esta só poderia ser de natureza totalitária, já que o direito à resistência deve ser extra-jurídico, ou fora da esfera da lei, por definição. Mas, o mesmo ocorre com o estado de exceção, no qual a soberania se funda em algo além da lei. Essas posições contrastantes, mais uma vez demonstram a sobreposição existente entre duas formas distintas de soberania - a primeira, fortemente criticada por Agamben, a segunda, sutilmente aludida como outra forma de soberania, talvez positiva ou até mesmo sutilmente alinhada com formas de glória e de graça, as quais também escapam à maquinaria dualista que produz o ser humano e a política tal como a conhecemos. Mas é evidente que a resistência genuína, seja na forma de Bartleby ou de um messianismo crístico, não pode ser completamente removida da existência da lei. O estado de exceção, como bem sabemos, é o que fundamenta a lei, deixando a resistência contemplar sua ruína, sem nunca realmente poder escapar de sua relação com a lei. É o que Agamben quis dizer quando descreve como o messiânico, agindo na esfera privada, obscurece a lei ou a vida pública de cada um. Isto também significa, conforme sugerido por Agamben, que não há um outro estado fora da lei esperando para ser descoberto e vivido como uma existência nova e utópica. Em vez disso, a experiência messiânica apenas pode ser encontrada ao tornar a lei inoperante, embora sem a eliminar de uma vez por todas. Uma vez mais, encontramos apenas a vocação messiânica como a revogação de todas as vocações, como aquela de desfaz tanto a lei quanto a identidade.

Código: 9786587446004
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RELIGIÃO E POLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN

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