É comum, ao traçar-se a história do gênero humano, diminuir os méritos dos indivíduos. É possível, de fato, que as consequências dos atos de um homem ultrapassem os limites da ação e da intenção. Mas nem por isso terá deixado de produzi-las. Em todas as grandes empresas se encontra sempre um homem no ponto de partida. Esta obra procura demonstrar que, se a Europa, antes toda envolvida no conceito de Cristandade, encontra-se dividida não só entre culturas religiosas, mas também em idolatrias pat rióticas, isto deve-se a uma única vontade. Um único homem mais do que qualquer outro, foi inconscientemente o ponto de partida do presente estado de coisas, lançando os alicerces do Nacionalismo e estabelecendo a permanente linha divisória entre as culturas católica e protestante. Este homem foi Armand Jean du Plessis, Cardeal de Richelieu. Talvez seja um erro exagerar-lhe as consequências, mas é erro mais grave desconhecer a magnitude de sua obra. Por isto, estas páginas propõem-se a examinar a classe de homem que foi Richelieu.