Sem dúvida, este é o melhor escrito do autor. A obra mais autônoma e próxima de uma visão pessoal do fazer filosófico. Além da inquestionável temática da verdade e de todos os seus problemas conexos, uma contribuição é decisiva: a permanente questãod o que seja pensar filosoficamente. Aliás, esta questão, a do método, é uma espécie de linha dorsal que sustenta toda a investigação filosófica do autor. Muito do que já publicou não passa de uma introdução a este Seminário sobre a verdade. A interpre tação heideggeriana da verdade é crítica e aberta à história da Filosofia. Informações específicas, aspectos biográficos e análises instigantes somam-se harmoniosamente. Tem-se a impressão, no decorrer da leitura, de se estar num rio caudaloso de idé ias que, embora sempre conduzindo suas águas numa mesma direção, tende a repetir-se às vezes em suas margens. Também não é um discurso de estilo heideggeriano sobre a Filosofia de Heidegger, mas uma fala que mostra distanciamento crítico, apesar do e nvolvimento com a questão do modo de filosofar heideggeriano. É óbvio que não se trata de um mero comentário técnico do parágrafo 44 de Ser e tempo, nem de um estudo que guarda semelhanças com outros. A exposição reflexiva é original, radical e globa l ao mesmo tempo. Esta será uma obra importante da Filosofia deste início de século, tanto por seu conteúdo filosófico como pelo sentido didático-pedagógico que ela testemunha. (Extratos da Apresentação de Jayme Paviani).