O interesse pelo estudo da família colonial é recorrente na historiografia brasileira desde o clássico livro de Gilberto Freyre - Casa Grande & Senzala - certamente um dos mais famosos retratos da família patriarcal brasileira. Nos anos 1980-1990, co ntudo, os avanços da demografia histórica deram novo vigor ao tema e levaram os historiadores aos arquivos cartoriais e das Cúrias metropolitanas em busca de dados sobre a composição das famílias coloniais e de suas práticas em relação ao casamento e aos filhos. Muitas imagens cristalizadas sobre essas questões foram contestadas na época e, tanto as mulheres quanto as crianças emergiram de tais documentos com força renovada, valorizadas como agentes históricos a serem devidamente investigados. Q ualquer que tenha sido a abordagem ou a temática escolhida pelos estudiosos, é inegável que a história da família se transformou em um dos vieses mais ricos da historiografia colonial na virada do século XX.